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Loose Lips

Devaneios sobre tudo e sobre nada.

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11.Out.17

Isto de arrendar/comprar casa nas grandes cidades

Captura de ecrã 2017-10-09, às 14.10.21.png

 

Depois de, no mesmo dia, ter surgido uma notícia de que a Madonna não consegue encontrar casa em Lisboa (aqui) e uma notícia de um T0 à venda por 305.000€ em Lisboa, uma pessoa questiona-se. Então mas a Madonna, esse ex-libris da cultura pop não consegue encontrar casa porquê? Eu tenho para mim que a Madonna tem demasiadas exigências para as singelas casas que constituem o mercado imobiliário lisboeta, que isto não há cá mansões à moda de Hollywood, e que não tem nada que ver com o preço, mas às tantas, como todos nós ela também tem sofrido com a especulação imobiliária, que isto não está fácil para ninguém!

E não, não é só em Lisboa que ninguém consegue encontrar casa. Madonna, eu sinto a tua dor. Tenho estado à procura de casa no Porto há já uns meses e, a não ser que queira pagar 600€ por um T0, com mais ou menos bom aspeto, mas onde não posso pousar um saco de compras, não dá. Não há. E porquê? Porque o Porto, tal como Lisboa, já não é para nós, é para vocês Madonna, turistas que vêm para Portugal atraídos por este clima semi-tropical, boa comida e onde os preços são baixos - para vocês e não para o comum mortal português que ganhe o salário mínimo (557€ para os menos informados). Diz-me, Madonna, se tu não consegues encontrar casa, o que dizer de nós, comuns mortais?

Trabalho no Porto, bem no centro da cidade, e todos os dias vejo novos hóteis ou hostels a abrir portas. Ainda ontem, um novo hotel, o Eurostars Porto Centro, ao pé do Hotel Teatro, e onde estão a ser recuperados outros dois edifícios para o mesmo fim. Hóteis de luxo, diga-se. De cada um dos lados um lote de apartamentos para turistas. Ainda no mês passado, um novo hostel abriu portas na Estação de São Bento... Nas ruas só se vêm turistas, espreitando por entre os mapas da cidade, e numa mistura de inglês com espanhol lá nos vão pedindo indicações. A gente dá e vê-os tomar os lugares que antes eram nossos, não dos portuenses, mas dos portugueses, de todos... Os preços no Mercado do Bolhão subiram exponencialmente, os cafés no centro já custam cerca de 1€ e as natas (ou pastéis de nata) 1,5€. As cidades já não são feitas para nós. 

Vivi no Porto durante 5 anos, enquanto estudava e assisti às mudanças na cidade. Comecei por arrendar quartos e depois, com o aumento dos preços, optei por residências universitárias. Após este período comecei a trabalhar, também no Porto, e equacionei a hipótese de arrendar um T0 ou T1 (quão ingénua!). Isto foi há dois anos atrás e já há dois anos, para quem na altura estava a fazer estágio profissional, era impossível suportar sozinha um apartamento. Quando passei a contrato achei que estavam reunidas as condições para arrendar um apartamento e sair de casa dos meus pais, mas enganei-me, outra vez. Um breve pesquisa por sites de imobiliárias, páginas de Facebook ou outros mostram-nos a realidade: apartamentos dos anos 70, que nunca viram obras, no Cu de Judas, por 500€ - isto para um T1, que se quisermos uim T2 nem se fala.

Mudar-me para os arredores da cidade está, praticamente, fora de questão. Atualmente passo cerca de duas a três horas do meu dia em transportes, entre carro e comboio, para ir trabalhar. Vivo com os meus pais e tenho todo o conforto do mundo, para além de todas as comodidades e facilitismos que viver com os pais implica. Tudo o que me dê menos que isso não vale a pena e, por isso, esta solução, supostamente temporária, vai-se prolongando, não se sabe bem até quando... Por isso, Madonna, eu até te compreendo, de facto isto não está fácil para ninguém.

 

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