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Loose Lips

Devaneios sobre tudo e sobre nada.

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17.Out.18

Fazer um cruzeiro: yay ou nay?

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Como já devem ter percebido, pelos últimos posts da saga viagens, este verão fiz, pela primeira vez, um cruzeiro. A modos que a pessoa sente que já pode partilhar com o mundo, assim numa perspetiva mais informada, se de facto vale a pena viajar desta forma.

Que os cruzeiros são, normalmente, associados a turistas de terceira idade é inegável, certo? Aliás, quando partilhei que ia fazer um cruzeiro este ano, tive de levar com mil e uma piadas sobre o assunto. Não consigo entender bem de que modo umas férias em cruzeiro e terceira idade podem estar associados, mas já lá vamos.

Assim considerações gerais sobre cruzeiros:

  • O check-in é um tanto ou quanto confuso. Isto porque apesar de termos uma janela de cerca de 4 horas para o fazer, há saídas de vários barcos em simultâneo e acabam por se juntar milhares de turistas num mesmo espaço. Para além disso, o check-in funciona como o embarque de um avião, por isso há todo um processo de segurança que decorre depois do administrativo. Vão preparados e vão com tempo para isto, não cheguem na última!
  • Os barcos são g-i-g-a-n-t-e-s ao ponto de uma pessoa não conseguir ver ou usufruir de tudo o que o barco pode oferecer na semana em que lá esta. Como são gigantes a probabilidade de se perderem também é muito grande, principalmente se, como eu, tiverem o sentido de orientação de uma cebola. Como é que é possível, perguntam vocês? Há um número infinito de elevadores e escadas que, consequentemente, nos levam a pontos diferentes. A modos que aqui a pessoa, no último dia, ainda se enganava sobre o sítio para onde devia virar de forma a chegar ao quarto. Se, por outro lado, tiverem bom sentido de orientação (assim como os homens em geral) ignorem este ponto;
  • Durante um cruzeiro existem dois tipos de dias - aqueles em que se faz paragem num porto e aqueles em que se passa o dia em navegação. Nos primeiros há todo um planeamento relativamente à hora de chegada ao porto, àquilo que se quer ver naquela paragem e possível sincronização com os horários de almoço no barco e hora de partida, não vá a gente chegar 10min mais tarde e perder o resto do cruzeiro. Nestes dias e para aqueles mais forretas há, essencialmente, duas opções de refeição - sincronizar a visita com os horários de refeições no cruzeiro (missão quase impossível) ou fazer a merenda ao pequeno-almoço (aquela coisa mesmo com classe!) - se nenhuma destas agradar podem ainda almoçar na cidade em que estiverem ou, claro, passar fome e descontar tudo no buffet do jantar. E naqueles dias que se passam em navegação? Podem passar o dia todo em modo lontra, naquela tríade perfeita de comida-piscina-dormir, ou participar nas mil e uma atividades e concursos que há a bordo. Adivinhem lá que pessoa sou eu, ah? [wink]
  • As cadeiras em volta da pisicina e decks superiores chegam para toda a gente, mas como as pessoas em férias não têm muito que fazer e parecem ficar mais lentinhas de raciocínio, decidem deixar as espreguiçadeiras marcadas assim às 6 da manhã, num dia em que o barco vai atracar (ou seja, ficam 20% dos passageiros no barco), não vá alguém querer esta espreguiçadeira que faz aqui uma perpendicular perfeita com a orientação do Sol às 11:45 da manhã... Dica: ignorem estas pessoas e continuem na vossa vida que as espreguiçadeiras dos decks superiores são as melhores.
  • A comida no barco é assim para lá de espetacular! Já fiquei imensas vezes em resorts durante uma semana a fazer zero exercício e sempre emagreci. Nestas férias e apesar de ter andado um total de 100km, consegui a proeza de engordar, não muito, é certo, mas engordei. E isso diz muito sobre a comida do barco, acreditem.
  • Nos dias de navegação e se forem viciados em redes sociais e afins, assegurem-se que compram um pacote de Internet, porque no navio não há Internet assim à bruta, caso contrário será difícil conseguirem apanhar rede de um qualquer país europeu em alto mar (benzádeus que agora uma pessoa já não tem de pagar roaming, senão isto fazia ainda mais sentido).
  • noites temáticas no navio, ele é noite branca, ele é noite de gala com vestidos de lantejoulas, plumas de todas as cores e tiaras que fazem chorar, mas também há espaço para pessoas que não alinham em nada disso e que se vestem só como se estivessem de férias, estejam descansados;
  • Se puderem e ainda que a diferença de preço seja relativamente alta, optem por um quarto com janela. Já nem falo dos que têm varanda porque aí a diferença de preço é ainda maior, mas com janela vale muito a pena! O meu tinha e a sensação de acordar logo com aquela vista é incrível! Para além de que os quartos interiores que vi eram suuuuuper claustrofóbicos e eu nem tenho problemas com isso.
  • As viagens em cruzeiro, de uma forma geral, pressupõem uma enorme capacidade de organização. Isto porque há paragens em várias cidades com limites de tempo pré-estabelecidos e para serem cumpridos à risca e isso coloca-nos alguma pressão, no sentido de planearmos a paragem. O diário de bordo é o vosso melhor amigo! É uma espécie de bula sobre o que vai acontecer no dia seguinte no navio e nas paragens, é A bíblia do cruzeiro e mesmo que não vos deixem no quarto, procurem porque existem exemplares um pouco por todo o navio.
  • Não tive grande experiência de filas, a não ser na altura de regresso ao navio, em que são repetidos os controlos de segurança. Fora isso foi tudo perfeitamente tranquilo!
  • No final da viagem contem com as gorjetas. Isto, em regra, é-vos transmitido nas agências de viagem, mas caso não seja perguntem, confirmem! Vi imensa gente que não estava a contar a pagar ainda 300€ no final da viagem, mas é assim que funciona. Há um valor por pessoa e por noite a pagar, a modos que dependerá do número de pessoas que forem juntas e da tarifa aplicável (não sei se é igual ou se varia de barco para barco).

Então e vale a pena fazer um cruzeiro?

Eu diria que sim. Foi uma nova forma de viagem para mim, mas achei super confortável. O navio tinha uma dinâmica incrível ao nível das atividades de entretenimento e condições de refeições e tuditudi, mas além de nos ter permitido conhecer imensas cidades sobre as quais tinha curiosidade.

Sei que não é uma forma de viajar acessível a toda a gente, mas acho que vale muiiiiiiiiito a pena experimentar! O trajeto que eu fiz também foi muito bom, na medida em que, como já vos fui explicando, quase todas as paragens foram bem pertinho dos pontos de interesse, ao contrário do que acontece com Roma, por exemplo, que fica a km do porto...

Discordo, por completo, de ser uma forma de viajar adequada à terceira idade. Nunca tive umas férias em que andasse tanto, em que explorasse tanta coisa ou ficasse tão cansada e vocês sabem que, no ano passado, acampei nos Picos da Europa. É claro que há pessoas que optam por nunca sair do navio e eu consegui observar alguns exemplos disso, mas parece-me só um desperdício de dinheiro, porque poderiam ir para um resort onde pudessem, efetivamente, usufruir do mar em vez de o ver a 10m de altura ou coisa assim.

Eu adorei a experiência, com todos os possíveis senãos. Acho que, mais do que uma viagem, foi mesmo uma experiência e gostei imenso!

O próximo talvez seja ali nos Fiordes do Norte da Europa, que deve ser para lá de incrível!

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