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Loose Lips

Devaneios sobre tudo e sobre nada.

Loose Lips

Devaneios sobre tudo e sobre nada.

21.Jan.19

É preciso falar sobre isto #2

Nos últimos tempos temos assistido a um movimento social com cada vez mais impacto no que refere aos direitos das mulheres, não só no que refere à igualdade salarial, mas sobretudo no que refere ao assédio e mimimi. Eu sou muito a favor disto, da igualdade entre géneros.

E aqui acho que não entram feminismos, porque por muito que se advoque que o feminismo defende a igualdade, logo à partida a génese da palavra indica uma supremacia (tal como o indica o machismo), de modo que me identifico muito mais com a palavra igualdade, com o movimento pela igualdade, entre todos. E acho importante que existam estes movimentos, que se aumente o awareness para estas questões. Agora o que também defendo é que estes movimentos não podem ser unilaterais.

E passo a explicar: enquanto mulher incomoda-me (um bocadinho) que o papel do homem seja sempre desconsiderado. Parece que os homens são uns incapazes que não só não sabem cuidar dos filhos, como não sabem gerir a casa e não precisam de produtos higiénicos adequados ao seu tipo de pele, cabelo ou o que quer que seja. Vejamos o que se passa com o folheto da Feira do Bebé do Continente:

Feira_Bebe.jpg

Não há uma família, não está o pai presente, é só mãe e bebé. E, aparentemente, quando nasce um bebé, só nasce uma mãe, que o pai só entrou na equação no início. E se ouvirem esta campanha também na rádio, em que se fala da papa do bebé, é a mãe que sabe como se faz e quando se adiciona o azeite... Mais, a mãe só pode ir tomar banho quando o pai chega a casa (depois de um dia de trabalho). Então mas não estamos em 2019? Não temos a Gillette a quebrar barreiras e a tentar (re)educar os homens para serem mais respeitosos, com tudo o que isso implica?! Digam-me: que sentido é que isto faz? O mesmo vai para o facto de, na grande maioria dos sítios, só haver fraldários nas casas de banho femininas. Então e os pais, como fazem? Não podem mudar a fralda às crianças?! Estas coisas revoltam-me, porque oiço as mulheres a dizerem constantemente que gostavam que os homens fossem mais participativos na educação das crianças e depois, a própria sociedade (e às vezes as mães também, porque acham que só elas é que compreendem o bebé) corta-lhes esta possibilidade.

Falava disto com um amigo meu no outro dia. Um amigo que tem duas filhas, uma com 3 anos e outra com 7 meses. Foi ele que usufruiu da licença parental de 6 meses quando nasceram ambas as miúdas, porque a situação profissional dele é mais favorável a que isso aconteça do que a da mãe. O que é que isto significa? Que ele andou e anda, muitas vezes, sozinho com as duas miúdas. É ele que as leva ao pediatra e se sujeita às questões indignadas de outras mães "então mas a mãe não veio?!" e olhares de soslaio. É ele que tem de pensar mil vezes antes de as levar a um sítio público se vai poder mudar fraldas num fraldário ou se tem de o fazer no carro, no parque de estacionamento. É ele que tem de esperar que a mãe chegue a casa para poder tomar banho. É ele que faz as sopas, que veste as bonecas e que joga ao faz de conta. E também é ele que tem de levar com olhares de pena, porque "coitado, é tão novo e já é viúvo". 

Cadê a igualdade gente?! Só vale para um lado?

18.Jan.19

A primeira entrevista de emprego ao fim de 3 anos

Aqui a pessoa, aos olhos de muitos, tem a sorte grande no que toca a trabalho. Ainda estava na faculdade quando consegui um estágio profissional na minha área e depois de ter terminado o estágio entrei diretamente para os quadros. Tenho um emprego estável, a fazer uma coisa de que gosto muito, bem remunerado, com boas (ótimas) condições e uma chefia e equipa incríveis, é verdade. Mas falta-me qualquer coisa, falta-me o desafio. De forma que tenho estado em procura ativa por um novo desafio profissional. E tive, este ano, a minha primeira entrevista de emprego ao fim de 3 anos e qualquer coisa.

E ao que parece os processos nada mudaram. Tive que ser submetida a uma série de testes psicotécnicos, daqueles em que a pessoa acha que tem problemas sérios. E porquê? Porque tem que descobrir, numa folhinha cheia de desenhos estranhíssimos, aquela figura que vale 50 pontos, porque é quase igual às outras, mas muda assim ligeiramente a inclinação de um pequeno traço, num minuto (enquanto vai ficando completamente vesga)... E depois disto segue-se o quê? Aqueles maravilhosos testes com mais de 200 perguntas sobre o nosso grau de concordância com as frases mais aleatórias de sempre, é óbvio! Perguntas que abordam o nosso método de organização no trabalho, mas também abordam a nossa reação a aranhas ou baratas ou ainda a nossa capacidade de meditação. Eu não sei bem o que é que estas coisas dizem de mim, mas depois destas belezas acho que é impossível aguém sentir que tem um QI decente e alguma sanidade mental, a modos que admiro sempre muito estas equipas de recrutamento por estarem sempre a considerar novas formas de fazer alguém sentir-se super self-conscious e a duvidar de tudo. E por fim, depois desta panóplia de questões, testes e tarefas aleatórios, seguiu-se a bela da entrevista, 'tá claro.

Desde logo, a entrevistadora era suuuuuuuuper sisuda e tinha demasiados pêlos faciais que desviavam a minha atenção. E, como eu já esperava, houve muitas questões sobre o facto de eu querer sair da minha atual situação laboral que, nas palavras da própria, é demasiado confortável. Uma coisa mais ou menos deste género:

Então e porque é que quer sair? Acha que vai encontrar alguma coisa melhor? E como é que conseguiu o seu emprego atual? (denotem aqui o hint da cunha)

E como é que vai lidar com um ambiente de fábrica, com muito barulho, pessoas difíceis e situações de despedimento? É que não é nada como o ambiente em que trabalha agora...

Mas e se conseguir entrar, vai despedir-se?

Eu lá tentei explicar que estou à procura de um novo desafio e mimimi, que é precisamente de uma mudança que estou à procura, mas vi sempre as minhas respostas serem anotadas com desdém. De forma que estava convencidíssima que nunca me iriam chamar para uma segunda fase. E foi assim que comecei a escrever este texto. No entretanto aconteceu o quê, perguntam vocês? Recebi um e-mail com a convocatória para a segunda fase. Say whaaaaat? Eu nem sei o que pensar. Será que afinal não correu assim tão mal? Será que afinal as minha respostas foram boas e ela estava só a fazer-se de difícil? Será que eram os outros candidatos que eram uns nabos? Será que me chamaram só para fazer número? Eu não sei mesmo gente, mas vou-vos mantendo a par desta minha odisseia. 

No entretanto, se tiverem assim dicas e coisas que tais partilhem que são (ainda mais) lindos!

14.Jan.19

Hoje falo-vos de doação de cabelo

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Ainda não vos tinha falado sobre isto, mas uma das últimas decisões que tomei em 2018 foi doar cabelo. A verdade é que tinha o cabelo gigante e estava numa fase em que me incomodava verdadeiramente, ao vestir casacos o cabelo ficava preso nas mangas e tirá-lo era um pesadelo, ao virar-me a dormir não conseguia fazê-lo sem me magoar por estar com o cabelo enrolado em mim, tooooooooda a gente que se sentava à minha beira numa secretária acabava, invariavelmente, por me prender o cabelo com o cotovelo, para além do tempo que perdia a, efetivamente, tratar dele.

A modos que queria mudar, queria dar um corte mais a sério, porque aqui a pessoa (como quase todas as mulheres, aliás) quando cortava o cabelo nunca ninguém dava por ela, que era sempre um espécie de competição a ver qual o mínimo de cabelo que se conseguia cortar. E cheguei a uma fase em que queria, simplesmente, mudar, ver-me livre daquele peso. E ainda que quisesse isto tudo, tinha muito receio do que ia achar ou de como me ia sentir no final, a modos que achei que só fazia sentido se alguém pudesse beneficiar com isso. Então optei por doar. Era uma ideia que já tinha há algum tempo e, em dezembro de 2018, decidi pô-la em prática ao doar 30cm de cabelo.

E, como pode haver gente desse lado a pensar fazer isto também, decidi partilhar com vocês o processo. Ora então, depois de ter decidido que queria doar o cabelo fui pesquisar um bocadinho mais sobre o assunto, no sentido de perceber para onde poderia enviar o cabelo, a que processos é que estaria sujeito e, se efetivamente contribuiria para fazer alguém mais feliz. Encontrei a resposta na Little Princess Trust, uma organização de que ouvi falar pela primeira vez quando a Vanessa Alfaro doou o cabelo (já lá vão uns anos) e que faz perucas para crianças com cancro, através do cabelo que lhes chega de doações de todo o mundo. Se isto não é a melhor premissa do mundo para se doar cabelo, então eu não sei qual é.

Ao contrário do que muita gente acredita os critérios não são mesmo nada restritos, uma vez que qualquer pessoa pode doar cabelo. Assim, simples.

Então e que requisitos é que devem ser cumpridos?

  • O cabelo doado deve ter um comprimento mínimo de  17cm, isto porque há muito cabelo que é "perdido" no processo de transformação e construção de uma peruca e uma mecha de cabelo com menos comprimento não é suficiente. 
  • Preferencialmente o cabelo doado deve ser liso ou ligeiramente encaracolado, novamente na perspetiva do tratamento do cabelo.
  • Pode ser doado cabelo pintado de cores naturais, ou seja, os loiros e variantes não têm problema nenhum. Por outro lado, cabelos pintados de cores exuberantes ou cabelos completamente brancos não são elegíveis.

Os cuidados a ter para o corte são, também, muito simples. O que é pedido é que o cabelo seja lavado sem recurso a amaciadores ou máscaras e que, depois de seco, seja feito um rabo de cavalo e cortado imediatamente acima. O cabelo deve ser colocado num saco de plástico que sele (como os sacos para congelação) e enviado, juntamente com um formulário que encontram no site. Eu enviei por correio normal e demorou cerca de uma semana a chegar lá. Assim que recebem e caso tenham dado o vosso contacto, enviam-vos um mail de agradecimento e um certificado. Encontram estas e outras informações no site

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Acho que toda a gente deve fazer isto uma vez na vida e trouxe-vos este assunto hoje para, quiçá, vos inspirar a uma mudança de visual e a fazerem a vida de alguém um bocadinho melhor.

04.Jan.19

Então e coisas sobre esse início de ano?

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Agora que já todos voltamos às nossas rotinas de trabalho, de sono e de alimentação de pessoas normais, já podemos falar sobre isto do ano novo, não é?

Então contem-me coisas: como começou o vosso ano, pessoas? Ah? Passaram o ano em casa entre mantas e cobertores, rodeados de comida, por entre gritos e gritinhos de miúdos da família e discussões daqueles tios afastados, ou foram ramboiar em micro vestidos para festas glamorosas ou passaram ao relento no meio dos milhares de pessoas na rua? Cumpriram as tradições de passagem de ano para que este seja O ano ou não acreditam em nada dessas coisas?

Ora então, aqui a pessoa, depois de um 2018 penoso decidiu cumprir tooooooooodas as tradições de passagem de ano. Passei, como sempre, em casa, rodeada de comida, família e amigos, com muita música, boa disposição e bebida à mistura, mas fiz questão de vestir as tais das cuecas azuis (e pensei que, se resulta para um casamento há-de resultar para um ano a tal combinação do someting old, something new, something borrowed and something blue que este ano não quero correr riscos), saltar de um banco com o pé direito (foi mais de um sofá, mas espero que valha igual), com as 12 passas na boca emborcadas com champanhe e ainda a nota de 500€ na mão (esperando que seja presságio do ano). Como se isto não bastasse, pela primeira vez desde há pelo menos 7 anos, fui sair na noite de passagem de ano e foi assim para lá de bom (tanto que fiquei sem voz dois dias)!

Nos entretantos já comecei o ano com idas à farmácia numa tentativa de ultrapassar esta bela tosse de cão que me calhou como prenda de novo ano, mas também há coisas boas e já tive uma entrevista de emprego, que não correu muito bem, mas sobre isto falo num próximo post, e vou amanhã na primeira escapadinha do ano, da qual também vos falo em breve, obviamente. A modos que tenho para mim que este ano vai ser atribulado, mas espero que em bom. Aliás, não espero, vou fazer com que seja em bom.

Desejos para este ano? Muito simples: que seja melhor que o anterior e saúde, muita saúde para os meus. É só mesmo isto.

Quanto a resoluções de ano novo e coisas que tais, mantém-se o mesmo de sempre e que tem vindo a ser cumprido, gradualmente, ao longo dos anos: alimentação saudável, exercício regular, mais leitura e claro, mais viagens. Já não acho que este vai ser O ano, já não tenho pachorra para as dietas de ano novo, nem acredito que muda tudo com a "viragem da página". A vida segue e, como sempre, é o que fizermos dela. Que 2019 nos traga muita coisa boa e que façamos muita coisa boa gente!