O pior é mesmo começar de novo
O pior é mesmo começar de novo. É acordar com a sensação de não ter dormido e os olhos inchados, é fazer um esforço hercúleo para continuar com a vida, depois de tudo e independentemente das feridas (ainda) abertas.
O pior é mesmo começar de novo e se os primeiros dias são difícies, porque são, no entretanto também acontecem coisas boas... É aquela conversa que nos faz sorrir, são os amigos, os de sempre e os mais novinhos, que nos ajudam, mesmo sem saberem, a ultrapassar, são as rotinas, que se vão (re)construíndo e as novas memórias, que se vão criando, a sós ou acompanhados. E no entretanto, ainda que não haja vontade, as coisas vão melhorando, aos pouquinhos... Os dias vão sendo menos dolorosos, as lágrimas já não caem com tanta facilidade e há até sorrisos, daqueles sentidos e verdadeiros. Aos pouquinhos, sem pressas, as feridas vão sendo curadas.
O pior é mesmo fazer as pazes com o passado e recordar com carinho todos os bons momentos, é continuar a planear o futuro, ainda que incerto. O pior é mesmo começar de novo, nesta fase em que cada dia é o primeiro e em que cada pequena batalha ganha vale por mil.
Ontem guardei todas as fotos, a colher está guardada faz tempo e no meu carro já não tocam os teus CDs. Na minha mesinha de cabeceira há livros novos, livros que curam, e mil conversas diferentes, porque tudo ajuda.
O pior mesmo é começar de novo, sabes? Continuo com medo, mas cada dia menos. Aos pouquinhos e sem pressas as feridas vão sendo curadas.