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Loose Lips

Devaneios sobre tudo e sobre nada.

Loose Lips

Devaneios sobre tudo e sobre nada.

30.Mar.18

Têm mesmo de ver isto #2

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Lembram-se de vos ter falado d'A Casa de Papel aqui?

Pois bem, descobri outra assim espetacular: chama-se Dark, é uma produção alemã e também é distribuída pela Netflix. É uma série de suspense que se desenrola numa pequena cidade alemã, com o desaparecimento de duas crianças e uma éspecie de viagem pelo tempo, não é bem viagem, é uma espécie de vazio temporal. Gente, não sei bem como vos dizer isto sem spoilers... Mas, quer dizer, eu sei que isto dito assim pode não parecer muito interessante, mas um assalto à fábrica de moeda e timbre de Madrid também não, certo? Acreditem quando vos digo que vale muito, muito a pena.

Comecei a ver este fim-de-semana e já vi 8 episódios, de 10! E continuo numa luta contra o sono para conseguir ver mais e conseguir ligar os pontos...

Além disso, esta série fez-me muito feliz pelo facto de perceber que afinal os anos a aprender alemão não foram em vão. Vai-se a ver e percebo quase tudo o que dizem e ainda distingo declinações.

 

 

 

 

29.Mar.18

A necessidade de rotular as pessoas

Hoje estava numa reunião com uma série de dirigentes da organização em que trabalho, até que uma recebe um telefonema de uma dessas empresas de telecomunicações e a tratam por D. X.. Ora, a pessoa lá respondeu e às tantas, quando desliga, diz "olha, agora afinal sou dona. Logo eu que tenho licenciatura pré-bolonha e que até sou equiparada aos mestres". A gargalhada foi geral pelo tom despretensioso com que foi dito. Mas eu fiquei a pensar naquilo.

Fiquei a pensar sobre os médicos quererem ser tratados por outra coisa qualquer que não Doutor porque agora toda a gente o é. E outra coisa que não percebo é esta confusão entre o Dr. (um licenciado) e o Doutor (um doutorado). Gente, os médicos não podem (de todo!) ser equiparados a um licenciado. Até aí, acho que concordamos todos.

Fiquei a pensar sobre o facto de eu, sempre que saio do edifício onde trabalho, e depois de me despedir ouvir um "Até amanhã Dra." depois de ter pedido mil vezes que me tratassem pelo nome. Fiquei a pensar sobre o facto de sempre que ligo a um engenheiro ou arquiteto e os trato como trato toda a gente, pelo nome, ser corrigida, que afinal é Engenheiro X ou Arquiteto Y. Fiquei a pensar sobre esta necessidade de rotularmos as pessoas. Sobre esta necessidade de nos afirmarmos, de certo modo? É mesmo necessário estabelecer esta barreira?

Não podemos simplesmente tratarmo-nos pelos nomes? O que é que interessa se é Dr., Mestre ou Doutor? Se se chama Ana é tratada por Ana, independentemente do grau. Claro que numa situação formal, em que a pessoa é oradora num evento ou alguma coisa equiparável, faz sentido contextualizar o porquê de aquela pessoa ser mais apta a falar sobre determinado assunto, seja pela experiência ou formação académica, mas fiquemo-nos por aí.

Isto até podia fazer sentido há umas gerações atrás, em que meia dúzia de pessoas ia para a faculdade, mas a verdade é que agora (quase) toda a gente é licenciada e não faz sentido andarmos aqui com títulos para trás e para a frente. Mas isto sou eu que sou Mestre e me continuam a tratar por Dra. e se calhar estou só ressabiada.*

 

*ironia gente, i-r-o-n-i-a.

27.Mar.18

Ter colegas de trabalho na menopausa é...

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Passar o tempo todo a morrer de frio porque ainda estão temperaturas de inverno, mas as pessoas não aguentam com os calores.

E depois claro que eu é que fico mal, que pareço uma avozinha com o lenço / manta pelas costas.

Nem quero imaginar como vai ser o verão gente! E pior é que nem posso reportar isto aos RH, porque imaginem quem são os RH, ah?

 

26.Mar.18

Adotar o nome do marido: sim ou não?

Ora então, a polémica da semana passada no Twitter teve origem neste tweet de agosto de 2017:

 

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Nunca consegui perceber muito bem estes fenómenos de uma coisa que aconteceu há mais de meio ano atrás, de repente se torna viral... Mas anyway este tweet tornou-se e os motivos para não adotar o nome do marido com o casamento foram muitos. Ora espreitem este artigo e vejam alguns dos motivos apresentados.

E quem é que ganhou esta discussão, quem foi? A Chrissy Teigen, essa miúda gira, que responde "my husband didn't even take his last name". Ah! Ah! Ah! Claro que ele não se chama mesmo John Legend, né gente? Isto é tão relatable que me faz rir.

Ora, claro está que eu li os vários comentários a este tweet e me pus a pensar sobre este assunto. Sei que em Portugal não é assim tão comum as mulheres adotarem o apelido do marido no casamento (quer dizer, acho eu). Nos EUA, da realidade que nos é apresentada por Hollywood, é certo e sabido que se antes era o Mr. Jones e a Ms. Miller ou passam a Mr. e Mrs. Jones ou a Mr. e Mrs. Miller-Jones. Não conheço ninguém em Portugal que se tenha casado e o nome de família passasse a ser Silva-Pereira, mas às tantas vai-se a ver e até é possível... Bem, estava eu a dizer que em Portugal não é muito comum esta coisa de adotar o nome do marido, ainda assim eu acho o conceito curioso.

O que é que leva alguém a mudar o seu nome por causa de outra pessoa? É pá, eu até percebo, se eu tivesse um apelido assim mega feio se calhar aproveitava a primeira oportunidade para o mudar. Como um Comissário da PSP que se chamava António Bagina... Quer dizer, não estou a ver a esposa do senhor a adotar este nome, não é? E às tantas a filha, pobre coitada, assim que pôde livrou-se do nome, nem que fosse por um mísero Silva. Mas lá está, se o senhor Comissário só tiver tido filhos estão lixados que isto se é homem não há volta a dar, que não vai agora o homem adotar o nome da esposa, não é? Não sei gente, estou a falar de cor. Mas, novamente, não me parece uma coisa que se faça. Em regra, é o nome do marido que passa, não é?

Também sei que em Portugal, comparativamente a todos os europeus, nós temos demasiados nomes. Na verdade eu tenho quatro, dois próprios e dois apelidos, o que até nem está mal, mas conheço um rapaz que tem oito nomes, oito! Oi? Como assim?! Isto é uma coisa que faz muita confusão ao pessoal da Europa do Norte, por exemplo, que só tem dois nomes. E eu percebo isso. Mas a verdade é que se fosse assim e eu fosse a eliminar os nomes do meio ficava só com o nome mais comum deste Portugal, eu e outras 50 mil mulheres... A modos que, se podemos dar vários nomes aos putos porque não cada um manter o seu, ah?

E depois como é que é? Se eu me caso depois de já ter uma vida profissional estabelecida, as pessoas passam a tratar-me pelo meu nome de solteira ou de casada? Isto gera-me muitas questões.

Eu não sou casada, é verdade. Mas mesmo que me case não vou adotar o nome do J. até porque, à semelhança do John Legend, nem ele adotou o próprio apelido. E porquê?! Porque é feio. Tem charme, é certo. Mas é feio, pronto. E portanto ele usa o apelido da mãe que, apesar de mais comum, é muito mais giro. E depois porque nenhuma mulher da minha família adotou o nome do marido, nem uma! Aliás, por força das circunstâncias, muitas vezes é atribuído o apelido da minha mãe ao meu pai... Ela que também não adotou o seu próprio apelido e usa o da mãe, mas passou-nos o do pai. A modos que nos conhecem por um nome que na verdade só ela é que tem. Talk about being a strong, independent woman! E ainda porque eu gosto do meu nome. Se é comum? Muito! Mas é o meu e eu gosto dele. É, de certo modo, a minha identidade. A minha pesquisa académica e o meu trabalho são desenvolvidos com o meu nome, o nome por que toda a gente me conhece. Parece-me meio parvo mudar o nome só porque me caso. E porque, quer queiramos, quer não, acho que isso faz denotar alguma dependência do marido, dado que damos o nosso nome a coisas que são nossas - como os filhos. E, por último, porque em caso de divórcio, ter adotado o nome do marido só complica o processo, agora põe nome, agora tira... Não entendo!

Mas deixo aberta a discussão, só que contrariamente à Maami, quero ouvir motivos para adotar o nome do marido. Vai-se a ver e ainda me convencem!

 

 

 

21.Mar.18

A importância do feedback na gestão de pessoas

A gestão de pessoas (ou gestão de recursos humanos, como preferirem) compila uma série de conceitos e princípios muito interessantes, sobretudo nas perspetivas mais contemporâneas, e inclui-se aqui o feedback. No entanto, como bem sabemos, nem sempre é possível estabelecer um período formal para dar ou receber feedback sem que seja na entrevista de avaliação do desempenho, que, na grande maioria das situações, ocorre com uma periodicidade de um ano.

Ora, a mim parece-me que trabalhar sem receber feedback de uma forma mais estruturada e consistente não é profícuo para nenhuma das partes - nem para nós, trabalhadores, nem para as nossas chefias. Isto porque é nestes momentos que podemos partilhar as nossas inquietações, que podemos definir oportunidades de melhoria, seja ao nível individual, seja ao nível do próprio procedimento, que podemos acompanhar o desenvolvimento dos objetivos inicialmente definidos (e, se necessário, ajustá-los) e que podemos, essencialmente, delinear um percurso, não necessariamente ao nível da progressão na carreira, mas ao nível dos projetos que queremos propor ou que queremos abraçar.

A modos que aqui a pessoa, apesar de trabalhar numa instituição com um sistema de avaliação de desempenho bienal, pediu uma reunião intercalar para poder fazer tudo isto de forma mais estruturada. É claro que isto é disruptivo, afinal de contas existe um sistema implementado e claramente definido... No entanto e dado que (felizmente) a minha chefia direta entende estas questões, depois de muitas dificuldades de agenda, lá consegui ter a minha reunião intercalar na passada sexta-feira. E só hoje, quarta-feira, é que me apercebi do bem que me tinha feito a reunião.

Reparem que eu trabalho numa instituição em que a média de idades ronda os 48 anos e, especificamente, na unidade em que trabalho toda a gente, sem exceção, tem idade para ser meu pai / mãe. Claro que isto gera mais dificuldades na gestão, uma vez que coexistem gerações muito diferentes, com motivações e objetivos muito diferentes e, essencialmente, competências diferentes. E é óbvio que eu, com 24 anos, quero daqui coisas muito diferentes dos meus colegas. Sou sincera, admiro muito as pessoas que conseguem fazer o mesmo a vida toda, mas eu não consigo. Comecei a desempenhar estas funções há quase três anos e sinto que já aprendi praticamente tudo o que podia aprender. Trabalho na área de desenvolvimento de pessoas e adoro, adoro a área de gestão de pessoas e é nisso que quero continuar a trabalhar, mas nos últimos tempos sinto que só varia a tipologia de projetos por que fico responsável, porque os procedimentos e as metodologias de organização são exatamente iguais. E, aparentemente, é uma coisa da minha geração, precisamos de ser constantemente desafiados, de fazer coisas diferentes e de aprender coisas diferentes. A modos que eu senti que estava a desmotivar, que precisava de algo novo e foi, essencialmente, por isso que pedi a reunião. E gente, o bem que me fez!

Hoje é quarta-feira e já vou notando algumas alterações que decorrem desta reunião. Se, desde logo, me sinto mais motivada (apesar de me continuar a custar horrores sair da cama às 05h30), também sinto menos ansiedade. Estamos a passar uma fase de mudanças organizacionais (muitas!) e com isso surge a incerteza (muita!) e a dificuldade em tomar decisões, o que condiciona todo o nosso trabalho. E eu estava a ser apanhada nesta avalanche... A modos que ao ter aquela hora de atenção por parte da minha chefia, ao ter a oportunidade de perceber o que estou a fazer bem e aquilo em que posso melhorar, ao apresentar sugestões de melhoria, senti entusiasmo como já não sentia há muito tempo. E trabalhar com entusiasmo é tudo.

Escrevo em pijama, depois de ter acordado às 05h30 e de ter trabalhado até às 18h30. Estou cansada física e psicologicamente, muito. Mas estou feliz, muito. Esta semana foi de loucos e as próximas serão também, mas sinto-me concretizada e, sobretudo, desafiada. Já me tinha esquecido do bom que isto é. E o que bastou uma reunião de feedback. Atenção que nem sempre ouvimos aquilo que queremos, temos é de saber tirar o melhor partido do que nos é dito e aprender. Aprender sempre.

 

 

14.Mar.18

Esta coisa das social influencers

Há várias coisas que me enervam e acho que vão percebendo isto à medida que for partilhando com vocês os meus devaneios.

Uma das coisas que me enerva, assim profundamente, é esta classe das social influencers. Sigo algumas no Instagram, é verdade. Não é por me enervarem que não posso andar a ver o que partilham. Afinal de contas, uma pessoa só pode criticar aquilo que conhece, certo?

Anyway, estava eu a dizer que esta classe me enerva. E enerva-me porquê, perguntam vocês? Ora então, vamos por pontos. Se até há bem pouco tempo havia bloggers e youtubers que se distinguiam pelo seu trabalho a produzir conteúdos, fossem eles escritos ou visuais, e se distinguiam meia dúzia (!) agora parece que basta ter uma carinha laroca e uma boa máquina fotográfica / telemóvel que já são consideradas, automaticamente, social influencers. E o que é que elas fazem? Nada gente. Rigorosamente nada. Recebem produtinhos em casa ou lá onde é e limitam-se a partilhar uma foto nas redes com as informações que constam no press kit. E acreditem que isto é uma cena.

Nas últimas duas semanas o meu feed do Instagram foi invadido por uma série de produtos, a saber: (1) nova linha de champôs da L'Oréal - o Elvive Dream Long - que, assim logo à partida, assenta numa premissa completamente descabida que é a de não se cortar o cabelo. Ora, ainda que eu tenha o cabelo comprido e adore, sei perfeitamente que cortá-lo é primordial para o manter saudável, por muitos cuidados que se tenha e por isso acho que se deve ter mais cuidado com a forma como se expõem estas coisas; (2) os novos exfoliantes também da L'Oréal de açúcares naturais, mas que, aparentemente, só resultam se puserem uma ligeira camada nas maçãs do rosto, assim estilo índio, sabem? Isto de aplicar uma máscara no rosto todo é coisa do passado gente! Agora só mesmo com uma fitinha da marca a proteger o cabelo, pele maquilhada de forma natural e luminosa, mas ali um segmento verde no meio das maçãs do rosto. É assim que funciona gente, aprendam!; (3) as novas meias curtas da Calzedonia, que nem sei muito bem o que as distingue, a não ser que me lembram as que as senhoras mais velhas usam que vão assim até ao meio das canelas e que depois se nota aquele intervalo com a saia, sabem? Aquela coisa assim para lá de linda e, sobretudo, com muita classe! Mas isto sou eu que não percebo nada do assunto, gente! Ora então, estes produtinhos fartaram-se de aparecer no meu feed e o que é que distingue as legendas das fotos, perguntam vocês? Nadinha. Nem uma mísera vírgula. É pá, esforcem-se um bocadinho! A pessoa que melhor faz isto em Portugal é A Pipoca Mais Doce, acho que aí não há dúvidas. E por muito que se lhe possa apontar, acho que esta geração de influenciadoras tem muito que aprender com ela.

É que é pá, ó gente, não me lixem! Toda a gente tem uma opinião sobre os produtos que usa e não é só porque recebe que são os melhores do mundo. É que depois isto gera incongruências, não é? Ora então um mês os produtos da Clinique é que são o Santo Graal e no mês seguinte já são os da Nivea? É que isto abona muito pouco a vosso favor. É que eu já nem me dou ao trabalho de ter interesse pelos produtos que mostram, sejam eles cremes, maquilhagem ou colares da Cinco Store. Porque afinal de contas é com base nas ofertas. E é por isso que, para mim, cada vez mais as pequenas plataformas têm mais valor, porque são genuínas. E isso é coisa que falta muito nos dias que correm.

Tenho uma amiga minha que trabalha numa agência de publicidade dessas que trabalham com social influencers e ela própria diz que as pessoas perderam a vergonha. Isto porque sempre que saem novidades de sapatilhas, sempre que há um evento em que precisem de um outfit ou sempre que sai uma nova linha de algum produto chimpas, caem dezenas de e-mails a pedir. Gente! Há limites, não?

Sinceramente eu achava que este era um bom meio de publicidade para as marcas porque conseguem, com baixo custo, chegar a milhares de utilizadores e despertar a curiosidade sobre os produtos e a vontade em experimentar. Mas tenho assistido a uma total descrença nestas opiniões. E em calhando é preciso mudar a abordagem, não?

Ah e nem me façam falar do flagelo que é as social influencers que acham que também podem ser blogers sem saberem distinguir quando usar "há" e "à" ou ainda que não existe a palavra "secalhar". Estamos numa época em que todos acham que podem ser o que quiserem. E ainda bem gente, a sério. Agora é preciso reconhecer a falta de aptidão. É preciso reconhecer que um blog deve ser mais do que um álbum de fotografias de Instagram, que para isso há o Tumblr ou o Pinterest. É preciso distinguir as coisas gente!

E tenho para mim que anda por aí muita gente enganadinha que por ter uma carinha laroca, uma boa máquina e por comprar seguidores (sim, isto também é uma cena) podem viver disso, como o fazem algumas blogers / youtubers que já cá andam há muitos anos e que, de facto, produzem conteúdos. Façam-no porque gostam, façam-no com o coração, não o façam para ganhar dinheiro.

12.Mar.18

Fui a uma Revenge of the 90's e conto-vos como foi

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Já há muito tempo que queria ir a uma Revenge of the 90's, talvez a maior festa underground da atualidade. Acho que já tinha publicado milhões de vezes nas redes para que, se conhecessem algum RP da Revenge, me avisarem para que eu tivesse alguma oportunidade de ir.

Foi por isso que, quando divulgaram uma data para o Porto, pus mãos à obra. Desde publicação no evento a sucessivas tentativas de falar com quem já tinha ido a ver se me conseguiam o contacto do RP que lhes vendeu, fiz de tudo. E vai daí recebo duas mensagens via Facebook de RPs do evento [gritinhos de histeria com leve desconfiança] a saber quantos bilhetes queria e a explicar-me o processo da venda. Não querendo correr o risco de que o evento esgotasse antes de ter os meus bilhetes fiz a reserva de dois bilhetes de mulher (aparentemente e ainda que sejam ao mesmo preço, os bilhetes variam conforme o género). Recebi um mail logo no dia seguinte, com os dados todos direitinhos e a referência para o pagamento. Fiz o pagamento ainda com a leve suspeita que poderia estar a ser vítima de burla e só na sexta-feira, dia 09 de março, quando fui levantar os bilhetes é que este assombro me passou. Estava tudo ok e os bilhetes eram cutxi que só eles, a imitar disquetes. Quem se lembra das disquetes, ah? Quantos trabalhos entreguei em disquetes... Meu Deus! Esta coisa da idade afinal é mesmo a sério...

Bem, estava eu a contar-vos a minha jornada para a festa mais txanan do momento... Então, na sexta-feira, depois de ter os bilhetes foi altura de preparar todo o outfit que já estava pensado há uma data de tempo e que serviu como pretexto para enviar uma série de fotos engraçadas de roupas / situações nos anos 90 pelo WhatsApp. Optamos por uma onda grunge, não só porque nos facilitava a vida, mas também porque era como nos sentíamos melhor. Deixo-vos aqui o kit que me serviu de inspiração (na verdade foi isto, menos o gorro e mais umas meias de rede).

 

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Ora e perguntam vocês, como é que foi a Revenge of the 90's?

Eu gostei muito. Chegamos por volta das 02h00 e apanhámos mesmo o início da "viagem" que, dizem, é o ponto alto da noite. A viagem consiste exatamente nisso, numa viagem aos anos 90 nos vários géneros de música, começando pela música pop com êxitos como Wannabe, das Spice Girls, Hit me baby one more time, da Britney ou mesmo Barbie Girl dos Aqua, passando pela música brasileira, com êxitos como Oh! Mila do Netinho, Anna Julia de Los Hermanos ou o Bicho de Iran Costa, pela música espanhola como Bomba de King Africa, pela música portuguesa com os grandes Excesso, Anjos, D'Arrasar e outros que tais e, por fim, música rock com êxitos como Killing in the name dos Rage Against the Machine que tem sempre o dom de me fazer cantar a plenos pulmões.

Portanto, basicamente a festa é isto. Uma série de músicas que a gente conhece de trás para a frente. Quando achavamos que as coisas não podiam melhorar, pumba! lá vinha outra que nos punha com um sorrisinho estúpido na cara e a dançar como se não houvesse amanhã. Pelo meio há uma série de atividades que remontam precisamente aos anos 90, inspiradas nos programas televisivos da altura, como o Big Show Sic, o Juíz Decide ou mesmo o Ai Ai os Homens!

A viagem acabou por volta das 05h00 e a verdade é que aguentamos muito pouco para além disso, a modos que não sei muito bem dizer-vos o que vem depois da dupla que atuou em seguida - vestidos à Daft Punk e a passar música da época também.

O único senão, para mim, foi mesmo o espaço. A festa no Porto foi no Via Rápida (VR, para os amigos) que, para quem não sabe, é das discotecas mais utilizadas para festas de estudantes na cidade. Isto é, eu já tive a minha dose de VR para a vida gente, não precisava de lá voltar e ver que, de facto, aquilo continua a não ser grande coisa. Depois, o facto de a festa estar à pinha a ponto de parecermos sardinhas em lata também não ajudou. Eu e a A. arranjamos um sítio no andar de cima que nos permitiu ter alguma visibilidade para o palco, mas dançar desafogadamente. Posso assegurar-vos que nunca na minha vida transpirei tanto numa saída à noite, para terem uma noção do quão glamoroso foi (Ah! Ah! Ah!).

Se voltava ir a uma Revenge of the 90's?

Se tivesse a certeza que seria noutro local, acho que sim. Sinto que ter pago 15€ para ir ao VR foi um bocadinho exgerado. 

No entanto e como não gosto muito de sair à noite, sinto que me diverti. Gostei das músicas, gostei do ambiente e gostei, sobretudo, de como me senti. Acho que isso é o mais importante. 

 

 

09.Mar.18

Ainda sobre o dia da mulher

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Desengane-se quem acha que (já) não precisamos do Dia da Mulher. 

Eu não preciso e, como eu, muitas outras privilegiadas (espero!), mas é preciso relembrar que ainda há muitas mulheres que precisam. E precisam porque ainda lhes são vedadas oportunidades com base no género, não se deixem enganar.

Sempre me senti uma strong, independent woman (quer dizer, até precisar de abrir um frasco ou um garrada de vinho). Sempre fiz tudo o que quis fazer e vesti tudo o que quis vestir. Não me sinto, de nenhuma maneira, prejudicada por ser mulher.

Quando me mudei para o Porto, para estudar, ainda a cidade não era o que é agora. Sempre saí à noite quando bem me apeteceu e voltava para casa (quase) sempre a pé, sozinha. Nunca tive medo. Nunca senti necessidade de me proteger com chaves na mão ou gás-pimenta. Já viajei sozinha e nunca, em momento algum, senti medo por ser mulher. Não ganho menos do que os meus colegas homens e na organização em que trabalho as chefias são, maioritariamente, mulheres. E é por isso que digo, à boca cheia, que eu, individualmente, não preciso deste dia. E não preciso porque não me sinto inferior por ser mulher, nem nunca nenhuma oportunidade me foi negada. Mas não é por eu não precisar que o dia deixa de ser importante, que não deixa. 

Também não é por eu não precisar, e como eu tanta gente, que podemos desconsiderar e fazer deste dia um pretexto para promoções descabidas, para ofertas de produtos de maquilhagem ou para jantares vedados ao sexo masculino, certo?! É que estas coisas incomodam-me. Incomodam-me muito. O Dia da Mulher devia servir para nos lembrar, a TODOS, que ainda há muito a fazer, em Portugal e em todo o lado. Que é preciso lutar muito para que todas as mulheres tenham direitos fundamentais e possam ser donas de si. Que é preciso lutar muito para o que o destino não seja definido aquando do nascimento, com base no órgão sexual. É preciso lutar, lutar muito, em todos os campos - da educação, à economia, à política e, essencialmente, na mudança das perceções da própria sociedade. Não há limitações por ser mulher. Não há aqueles dias. Não há escolher entre o trabalho e a família. E se há alguma destas coisas, não devia.

E também não me venham com coisas de que The future is female porque espero bem que não seja, espero bem não ter que andar a lutar por isto a vida toda. Afinal de contas, o motto deveria ser THE FUTURE IS EQUAL ou sou eu que não percebo nada disto?

 

 

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