Hoje, novamente, numa das minhas incursões no LinkedIn deparei-me com esta questão, por parte de uma utilizadora que de facto coloca várias questões hipotéticas, mas muito pertinentes sobre os preconceitos e pré-conceitos na área da Gestão de Pessoas (ou Recursos Humanos, como quiserem): o que é que vale mais na hora de recrutar - a média com que acabamos o curso ou a experiência profissional?
Ainda que considere esta situação hipotética parca em palavras, achei que vos devia trazer também este dilema, visto terem gostado tanto do último post neste formato. Full discloser: não trabalho diretamente na área do recrutamento e seleção, pelo que a minha opinião é sustentada no meu percurso e conhecimento académico e de boas práticas.
Depois de ter visto esta publicação e a discussão que se lhe seguiu, claramente padronizada - do lado do candidato 1 os recrutadores mais velhos e com experiência em indústrias essencialmente white collar e do lado do candidato 2 os recrutadores mais jovens, múltiplas experiências de trabalho em indústrias variadas. Ora, logo à partida, isto parece um prelúdio do pensamento atual. No entanto, acho que há outras questões a ter em consideração.
Desde logo, a questão da Universidade ser altamente conceituada ou não é bastante subjetiva e sujeita a variadíssimas interpretações. Ainda que todos saibamos que a Universidade do Porto ou a Universidade Nova sejam conceituadas, isto acaba por ser muito variável de acordo com o curso ou a área de estudo. Por exemplo, para alguém que estude Medicina Veterinária a experiência será bem mais enriquecedora e prática na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, muitas vezes olhada de forma condescendente, do que na conceituada Universidade do Porto, através do Insituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e isto tudo pelo meio em que as respetivas instituições estão inseridas e pela experiência prática a partir daí adquirida e desenvolvida. No caso de uma área como a Tradução, um curso num Insituto Politécnico trará mais-valias muito superiores ao curso numa Universidade, pelo facto de permitir explorar outras técnicas (caso da tradução simultânea), além de contar com uma componente substancialmente mais prática, que servirá como preparação para o trabalho futuro. O mesmo se aplica a áreas extremamente técnicas, como Contabilidade ou mesmo áreas laboratoriais. Portanto, como se vê esta questão não é assim tão linear.
Depois, claro, surge a temática ERASMUS. Ora, felizmente, a grande maioria dos estudantes universitários tem a possibilidade de fazer ERASMUS e as mais-valias são inegáveis, sobretudo ao nível das soft skills adquiridas, uma vez que os conhecimentos adquiridos variam em conformidade com a exigência do local de estudo - logo à partida eu diria que fazer ERASMUS na Holanda ou fazer ERASMUS na Bulgária trarão mais-valias completamente diferentes ao nível académico; não obstante, a capacidade de adaptação a um novo ambiente, o desenrascar, a experiência multicultural e a oportunidade, para muitos, de ver o mundo, trazem benefícios a todos os níveis e que, inegavelmente, se vão traduzir também na vida profissional. Ainda assim e reconhecendo toda as vantagens em fazer ERASMUS não me parece justo que, logo à partida, alguém que não fez ERASMUS porque até nem teve possibilidade para o fazer, deva ser excluído quando muitas destas competências podem ser adquiridas de outra forma.
Ao nível do domínio do inglês nem me vou alongar. Isto porque, logo à partida eu diria que alguém que fez ERASMUS, ainda que possa não ser fluente em inglês, demonstra alguma desenvoltura ao nível das línguas, dado que, inevitavelmente, teria passado um período de pelo menos 3 meses a interagir noutra língua, o que, logo à partida representa um plus. Para além disso, a participação num programa deste tipo desenvolve um sem número de soft skills cada vez mais relevantes para o mundo laboral atual.
É claro que a média importa e isto é inegável. Importa porque demonstra o comprometimento, a orientação para resultados, mas não me parece que seja o fator principal, de todo.
Felizmente o panorama atual é de um mercado de trabalho cada vez mais despojado de pré-conceitos e onde as experiências pessoais e profissionais adquiridas ao longo da vida representam mais do que a Faculdade em que se tirou o curso. Isto porque, na verdade, a grande maioria de nós acaba por trabalhar numa área distinta daquela para a qual estudou ou que representa uma ínfima parte daquilo que estudou. Ainda que não haja uma resposta certa para a questão que foi levantada porque, novamente, dependerá da indústria ou cargo em causa, mas eu diria que, no panorama atual, o candidato 2 é mais apetecível à maioria das empresas que procuram, cada vez mais, a capacidade de adaptação a novos desafios. E parece-me que isto deita por terra muitas das ideias existentes sobre a colocação no mercado de trabalho e ainda bem.
Pior, vivemos numa sociedade indignada com acesso a redes sociais e isto faz com que qualquer pequenina indignação escale exponencialmente, levando a que todos os dias surja uma nova polémica. A mais recente é sobre a campanha da H&M e a utilização de um miúdo negro para a promoção de uma camisola de uma coleção de selva com a mensagem Coolest Monkey in the Jungle estampada no peito. Para quem vive debaixo de uma pedra e ainda não ouviu falar sobre isto, aqui fica a imagem e um exemplo muito soft dos muitos comentários de indignação:
Ora, posto isto, o que me apraz dizer sobre estas indignações? Completamente absurdas gente! Só isto! O preconceito está na cabeça de quem vê as coisas e fica indignado and that's that.
Nunca, em toda a minha vida, ouvi alguém chamar de macaco a outra pessoa com base na cor de pele. Nunca. Somente quando esta polémica surgiu é que me apercebi que, aparentemente, é um dos insultos mais utilizados para rebaixar os negros. Não entendo, não entendo mesmo.
Já vi esta imagem milhões de vezes e pensei muito antes de escrever este post, mas a verdade é que não vejo aqui racismo. Não consigo ver. E os pais do miúdo não viram, os criativos da H&M não viram (sim, não me venham dizer que isto foi premeditado porque não acredito, a H&M é uma das marcas de fast fashion com maiores políticas de responsabilidade social e isso pauta-se em todas as suas campanhas, não iriam seguir por esse caminho), a própria comunidade negra não viu. E, na verdade, os comentários de indignação surgiram de onde? Da comunidade branca/caucasiana (o que preferirem) que, mesmo tentando fazer parecer que não, é racista.
E isto, esta indignação por uma camisola, é tão racista como dizer pretinho. Gente, se não dizem branquinho porque é que dizer pretinho? Este inho é tão pejorativo que nem sei por onde começar. Se querem dizer preto digam preto, não digam pretinho. O mesmo com os gordos, ou é que é gordo ou é que não é, chamar a uma pessoa obesa gordinho é só parvo e condescendente, mas as pessoas sentem essa necessidade, para demonstrarem que não têm preconceito e que são inclusivas. Well, I got news for you: you're not!
Não consigo mesmo entender esta necessidade de querer defender uma causa que não existe, de querer ser ativista de sofá e mandar umas balelas nas redes sociais, só para mostrar que se preocupam e que lutam por uma sociedade justa, em que os pretinhos não são postos de parte. É pá, por favor! Se há racismo? Acredito que sim! Se isto é um exemplo disso? Definitivamente não!
Já quando a GAP fez uma publicidade à linha de pijamas para crianças, com um elevado pendor criativo e voltado para a brincadeira, houve todo um movimento por causa de uma miúda branca estar apoiada na cabeça de uma miúda negra. Que era tudo um bando de anormais, que claramente aquela imagem traduzia a subjugação de uma raça, séculos de discriminação perpetuados por uma raça que se crê superior e tuditudi. O que é que as pessoas se esqueceram de ver? Que havia uma série de imagens em que as posições se invertiam. O que é que foi dito sobre isso? Nada. Porque isso já não interessa. O que importa é que os pretinhos são coitadinhos e não podemos agora sujeitá-los a isto. E, novamente, quem é que se queixou? A comunidade branca/caucasiana.
E a comunidade negra não vê problemas em nada disto, não só porque não os há, mas porque tem problemas maiores com que se preocupar, como o #blacklivesmatter. Querem uma causa? Juntem-se a essa!
Se querem ser ativistas de sofá, tudo bem, mas sejam-no por causas que interessam verdadeiramente.
O racismo nesta imagem está na cabeça de quem o vê.
Esta coisa da passagem de ano traz sempre uma série de objetivos e compromissos reiterados e que falharam miseravelmente nos anos anteriores, como se na verdade o dia 1 de janeiro não fosse só a sequência do dia 31 de dezembro e de todos os que lhe antecederam. Por algum motivo a chega do novo ano é repleta de simbolismo no que às mudanças e vontades de melhoria dizem respeito e todos nós, um bocadinho mais a sério ou não, fazemos um balanço das conquistas do ano anterior e vamos delineando objetivos para o novo ano, ainda que muitos fiquem pelo caminho ali a meio de janeiro.
Se é verdade que 2017 foi um ótimo ano na grande maioria dos níveis, também é verdade que há algumas coisas que quero muito para 2018 e por isso aqui estão elas:
Ainda que ache que já estou no bom caminho e que os principais passos já foram dados quero comer melhor. Nos últimos dois anos aprendi muito sobre o meu corpo e consegui reeducá-lo para uma alimentação mais equilibrada e saudável. Aprendi a gostar de novos sabores e a optar por alimentos melhores para mim. Se há uns anos atrás conseguia comer um pacote de bolachas inteiro numa questão de minutos agora, muitas vezes, nem sequer opto pelas bolachas; e tudo isto é uma série de pequenas vitórias. Obviamente que vou continuar a ter a minha cheat meal (o importante mesmo é conseguir que seja só uma vez por semana na maioria do tempo) e que vou continuar a beber coca-cola, mas sobretudo quero conseguir fazer melhores escolhas, quero melhorar o tipo de snacks e quero, essencialmente, aprender mais receitas e mais saudáveis. Aliado a tudo isto quero continuar a praticar exercício e sentir-me cada vez melhor comigo mesma.
Este ano quero, essencialmente, focar-me nas coisas e pessoas importantes da minha vida. Sinto que preciso de me inspirar novamente e para tal quero passar menos tempo nas redes sociais, ler mais, escrever mais e ser menos consumista. Sei que isto é ambicioso, sobretudo por exigir uma mudança de hábitos e comportamentos, mas sinto mesmo que preciso de dar um passo atrás no consumismo e nas redes sociais, que me ocupam tanto tempo e me dão tão pouco em troca. A partir daí o resto surge.
Quero muito, claro, viajar, continuar a descobrir sítios que valem a pena, cá dentro ou lá fora.
Há também uma série de objetivos profissionais e projetos que anseio, muitos dos quais já estão a dar os primeiros passos, mas prefiro não entrar em detalhes. Esta coisa da superstição tem muito que se lhe diga!
E, claro, o mais importante: saúde, para mim e para os meus, sempre.
Acho que em termos de projetos / resoluções é isto.