Domingo foi um dia triste, mais do que triste, foi um dia mau, mesmo mau, mais do que as palavras alguma vez conseguirão dizer.
Este ano foi amargo. Depois de Pedrógão acho que ninguém podia prever que outra tragédia desta dimensão pudesse acontecer. Estão em causa uma centena de vidas humanas, para além daquelas que ninguém contabiliza, os animais, o impacto na fauna e flora, o desiquilíbrio ambiental... Os danos são irrecuperáveis.
Podemos, aos pouquinhos começar a reerguer as habitações, as fábricas, os postos de trabalho que se perderam, podemos começar a reflorestar a área ardida, mas as vidas que se perderam, essas são irrecuperáveis. E isto deve fazer-nos repensar as coisas.
Desengane-se quem pensa que as populações ficam de braços cruzados à espera dos bombeiros, não ficam, ninguém fica indiferente... É preciso mais, muito mais! E quando digo que é preciso mais não estou a falar de demissões de Ministros, Adjuntos ou Presidentes de Órgãos, estou a falar de medidas com impacto efetivo para estas questões.
De facto as alterações climáticas a que temos vindo a assistir agravam a situação e aumentam a probabilidade de situações como a de Pedrógão e do passado domingo se repetirem, mas isso não diminui a nossa responsabilidade. É preciso mais.
Portugal é assolado por uma espécie de terrorismo florestal, com grupos organizados, conscientes das condições climatéricas adversas que dificultarão o combate às chamas, movidos por interesses financeiros. Todos sabemos disso e só não vê quem não quer ver. Reconheço que sim, que há ignições que resultam, efetivamente, de um conjunto de condições atmosféricas adversas, mas a maioria, a esmagadora maioria das ignições em Portugal têm mão criminosa e como tal é preciso mais.
Depois de, no domingo, ter ido dormir a avistar as chamas e de ter acordado com o cheiro a queimado impregnado em todo o lado e cinzas a cobrir o chão, a revolta instala-se. Já fui bombeira, conheço o desespero, o esforço hercúleo em salvar aquilo que é dos outros e aquilo que é de todos, a dor e as lágrimas de quem vê arder o que levou uma vida a construir, a nossa dor e lágrimas por não conseguirmos fazer mais, mesmo após 12 horas de combate ininterrupto, com tudo o que isso implica.
É preciso mais.
É preciso repensar o ordenamento de território, é preciso reflorestar com recurso a mais espécies além dos eucaliptos, é preciso recuperar os guardas florestais, é preciso condenar os incendiários, é preciso regular a indústria da madeira, condenando os que ganham com a madeira ardida, é preciso limpar os terrenos, recorrendo a presidiários, militares ou atribuir subsídios para a limpeza, é preciso reconhecer que há pessoas que vivem do que a terra lhes dá e protegê-las efetivamente, é preciso meios de combate.
É preciso mais, muito mais. E isso passa por todos nós, não só pelo Governo.
Depois de, no mesmo dia, ter surgido uma notícia de que a Madonna não consegue encontrar casa em Lisboa (aqui) e uma notícia de um T0 à venda por 305.000€ em Lisboa, uma pessoa questiona-se. Então mas a Madonna, esse ex-libris da cultura pop não consegue encontrar casa porquê? Eu tenho para mim que a Madonna tem demasiadas exigências para as singelas casas que constituem o mercado imobiliário lisboeta, que isto não há cá mansões à moda de Hollywood, e que não tem nada que ver com o preço, mas às tantas, como todos nós ela também tem sofrido com a especulação imobiliária, que isto não está fácil para ninguém!
E não, não é só em Lisboa que ninguém consegue encontrar casa. Madonna, eu sinto a tua dor. Tenho estado à procura de casa no Porto há já uns meses e, a não ser que queira pagar 600€ por um T0, com mais ou menos bom aspeto, mas onde não posso pousar um saco de compras, não dá. Não há. E porquê? Porque o Porto, tal como Lisboa, já não é para nós, é para vocês Madonna, turistas que vêm para Portugal atraídos por este clima semi-tropical, boa comida e onde os preços são baixos - para vocês e não para o comum mortal português que ganhe o salário mínimo (557€ para os menos informados). Diz-me, Madonna, se tu não consegues encontrar casa, o que dizer de nós, comuns mortais?
Trabalho no Porto, bem no centro da cidade, e todos os dias vejo novos hóteis ou hostels a abrir portas. Ainda ontem, um novo hotel, o Eurostars Porto Centro, ao pé do Hotel Teatro, e onde estão a ser recuperados outros dois edifícios para o mesmo fim. Hóteis de luxo, diga-se. De cada um dos lados um lote de apartamentos para turistas. Ainda no mês passado, um novo hostel abriu portas na Estação de São Bento... Nas ruas só se vêm turistas, espreitando por entre os mapas da cidade, e numa mistura de inglês com espanhol lá nos vão pedindo indicações. A gente dá e vê-os tomar os lugares que antes eram nossos, não dos portuenses, mas dos portugueses, de todos... Os preços no Mercado do Bolhão subiram exponencialmente, os cafés no centro já custam cerca de 1€ e as natas (ou pastéis de nata) 1,5€. As cidades já não são feitas para nós.
Vivi no Porto durante 5 anos, enquanto estudava e assisti às mudanças na cidade. Comecei por arrendar quartos e depois, com o aumento dos preços, optei por residências universitárias. Após este período comecei a trabalhar, também no Porto, e equacionei a hipótese de arrendar um T0 ou T1 (quão ingénua!). Isto foi há dois anos atrás e já há dois anos, para quem na altura estava a fazer estágio profissional, era impossível suportar sozinha um apartamento. Quando passei a contrato achei que estavam reunidas as condições para arrendar um apartamento e sair de casa dos meus pais, mas enganei-me, outra vez. Um breve pesquisa por sites de imobiliárias, páginas de Facebook ou outros mostram-nos a realidade: apartamentos dos anos 70, que nunca viram obras, no Cu de Judas, por 500€ - isto para um T1, que se quisermos uim T2 nem se fala.
Mudar-me para os arredores da cidade está, praticamente, fora de questão. Atualmente passo cerca de duas a três horas do meu dia em transportes, entre carro e comboio, para ir trabalhar. Vivo com os meus pais e tenho todo o conforto do mundo, para além de todas as comodidades e facilitismos que viver com os pais implica. Tudo o que me dê menos que isso não vale a pena e, por isso, esta solução, supostamente temporária, vai-se prolongando, não se sabe bem até quando... Por isso, Madonna, eu até te compreendo, de facto isto não está fácil para ninguém.
Ainda que as temperaturas nos façam acreditar que o Outono está lá longe, o calendário diz-nos o contrário e, como tal, mais vale estarmos de olho nas novas tendências para que, quando as temperaturas desçam, estejamos prevenidos.
Certamente já devem ter visto que este ano estão de volta os padrões tweeds e o xadrez em todas as formas, os casacos de pêlo sintético mais ou menos exuberantes, as boinas e os kitten heels. No entanto, se eu tivesse que eleger uma peça chave para esta estação seria, sem dúvida, o blazer.
Esta é uma das minhas peças preferidas, não só por ser intemporal, mas sobretudo pela sua versatilidade - funciona para um ambiente de trabalho mais formal, como para uma saída com as amigas, basta conjugá-lo de forma diferente.
Nesta coleção, o blazer surge com formas mais estruturadas do que aquilo a que estamos habituadas, com cortes masculinos, chumaços e, sobretudo, em formato oversized.
Abaixo deixo-vos a minha seleção de blazers a apostar para este outono/inverno:
A minha sugestão passa por conjugarem o blazer com umas skinny ou mom jeans e uma t-shirt ou camisola básica (que deve ser usada por dentro das calças) e adequar o calçado à ocasião. A minha sugestão, bem ao estilo da Emma Hill, passa por usarem o blazer com as mangas arregaçadas.
Se, como eu, estão a regressar de um fim-de-semana prolongado, com tudo o que isso implica (leia-se comida, muita comida) e querem preparar o regresso a uma rotina saudável, deixo-vos aqui a receita para as minhas panquecas do pequeno-almoço:
Ingredientes:
4 scoops de flocos de aveia
2 quadradinhos de chocolate 70% cacau
1 scoop de whey protein
1 scoop de aveia instantânea
1 colher de chá de fermento
2 ovos
200 ml de leite magro ou leite de amêndoa ou aquele de que mais gostarem
100 ml de água
Modo de preparação:
Triturar a aveia com o chocolate e adicionar os restantes ingredientes. Misturar até obter uma massa com a consistência desejada (acrescentem mais ou menos água conforme preferirem as panquecas mais ou menos consistentes). Cozinhar em óleo de côco ou outra gordura da vossa preferência, durante aproximadamente 2min de cada lado.
Estes ingredientes dão para, aproximadamente, 10 panquecas.
Podem mantê-las no frigorífico ou congelar individualmente (ou conforme a porção que acharem adequada) e retirar na noite anterior, de forma a manterem-se fofas para o pequeno-almoço.
Esta foto foi retirada do site Vida Ativa, porque eu ainda não tiro fotos à minha comida para o blogue (ups!)
NOTA: Quer os flocos de aveia quer o chocolate, utilizo os do LIDL, por considerar a relação qualidade-preço ótima.
Utilizo esta Whey Protein no sabor Chocolate Suave e esta Aveia Instantânea também no sabor Chocolate Suave, mas podem alternar os sabores conforme preferirem ou não utilizar sequer este tipo de suplementos.
Sei que ainda há algum preconceito com a utilização deste tipo de suplementação, mas esta quantidade dá para mim e para o J. durante uma semana. Ambos praticamos exercício físico de forma regular e consistente e, se pensarem bem, estamos a dividir um scoop de proteína por 10 panquecas, o que não é, manifestamente, desadequado. No entanto, deixo isto ao vosso critério, até porque ficam super boas na mesma sem estes ingredientes.
No meu caso, costumo servir as panquecas com xarope (alterno entre este ou este no sabor chocolate, obviamente), mel ou com manteiga de amendoim e acompanhar com chá preto ou chá verde.
Depois de uma tentativa falhada de visitar a cidade no ano passado, e que até acabou por correr bem, este ano rumamos, finalmente, a Budapeste.
Sem pré-aviso Budapeste conquistou um lugar muito especial no meu top das cidades europeias, lado a lado com Londres, Barcelona e Zurique. Não fazia parte dos meus objetivos visitar Budapeste, nem tão pouco tinha quaisquer expectativas relativamente à cidade e, aparentemente, esta combinação de fatores resultou num arrebatamento completo de tudo o que a esta experiência diz respeito.
Ficamos hospedados no Kőleves Fogadó (mais aqui), uma espécie de guesthouse muito acolhedora, com um atendimento espetacular, na zona mais jovem da cidade, bem pertinho daquele que é, provavelmente, um dos pubs mais cool do mundo, o Szimpla.
Mas voltemos ao início: a nossa chegada ao alojamento foi um tanto ou quanto caricata. Ainda a bordo do táxi (que não fazia a mínima ideia onde poderia ser o alojamento) vimos a placa com o nome Kőleves Fogadó. A estreita entrada dava lugar a um pequeno hall de entrada que conduzia a umas escadas e, do lado esquerdo, um restaurante com um estilo muito pitoresco – desde o balcão decorado com pratos, uma secção de utensílios de cozinha do tempo da minha avó, candeeiros feitos com copos de vidro – e post rock como música de fundo. Achamos nós que o caminho certo seria prosseguir pelo hall e subir as escadas. Toca a subir tudo, com as malas, mochilas e casacos para chegarmos… a uma varanda.
Com um aspeto confuso, decidi descer e questionar no restaurante. Pediram-nos para escolhermos uma mesa e uma bebida de boas-vindas que seríamos encaminhados para o respetivo quarto. Ainda sem percebermos muito bem onde estávamos e onde poderiam ser os quartos, apreciamos todo aquele ambiente… Fomos depois conduzidos ao longo de um pequeno corredor na parte de trás da cozinha que deixava antever um terraço espetacular para os dias de verão, mas que, naquela altura, estava apagado debaixo da chuva, subimos umas escadas manhosas e chegamos, por fim, à zona dos quartos. O nosso quarto era g-i-g-a-n-t-e! Éramos quatro e tínhamos à nossa disposição um quarto/estúdio/loft com uma cama de casal, duas camas de solteiro, um beliche com cama de casal em cima e de solteiro em baixo e ainda um sofá cama (que estava fechado). Tínhamos ainda um guarda-vestidos enorme, frigorífico, uma mesa de jantar no meio da assoalhada e, claro, a casa de banho. Na minha procura por casas para comprar ou arrendar pelo Porto, tenho a certeza que já vi muitas com menos espaço! Resumindo, estivemos super bem alojados.
Depois de jantarmos num mercadinho de rua, daqueles que têm todas as comidas típicas de aspeto duvidoso, a abarrotar de gente a falar alto e às gargalhadas e com música da boa como panorama de fundo, tivemos as nossas primeiras impressões da cidade – uma cidade de contrastes entre as duas partes da cidade (Buda e Peste de lados opostos do rio), uma cidade vibrante, com construções incríveis, repleta de história e onde as marcas da dor são visíveis, senão até palpáveis. Uma cidade que se destaca pelas suas gentes, com um inglês arcaico, mas super simpáticas e prestáveis.
Nos cerca de 56km que andamos durante a nossa estadia em Budapeste, visitamos todas as paragens obrigatórias, exploramos os mercados e comemos comida típica. Ahhhh, a comida húngara… O goulash é tudo de bom reunido num prato, Kürtös Kalács é o melhor doce para comer on-the-go, está em todo o lado e é impossível de resistir; já do Lángos não fiquei fã, mas acho que também pode depender das combinações que se faz (há tudo, para todos os gostos).
Deixo-vos abaixo algumas fotos das coisas imperdíveis a visitar em Budapeste, com a certeza de um dia voltar:
Praça dos Heróis
Citadela, onde se tem uma paisagem incrível sobre a cidade
Estátua da Liberdade
Parlamento de Budapeste
Szimpla Kert
Vista da Chain Bridge
Vale muito a pena passar no New York Café, um dos cafés mais bonitos do mundo (certamente o mais bonito onde já estive!), para o lanche.
No meu caso e como fui em abril pedi um chocolate quente e, talvez tenha sido o melhor chocolate quente, de que foi o mais caro não há dúvida!
Queríamos muito ter visitado as Termas de Széchenyi, mas o tempo era pouco para tudo o que queríamos ver e fazer, por isso terá de ficar para uma próxima visita.
Vale muiiiiiiiiito a pena darem um saltinho à cidade!
Quando decidi que queria escrever um blog, soube, desde logo, que queria um espaço que me permitisse escrever sobre tudo e sobre nada, sobre os devaneios do dia-a-dia, sobre moda, sobre viagens, sobre maquilhagem… Basicamente sobre toda e qualquer coisa que me desse na real gana. E apesar de existir já um conceito, uma ideia formada do que queria que este blog fosse, o nome foi a parte mais difícil. Foi mesmo! E acreditem que surgiram muitas pérolas neste processo criativo que um dia, certamente, merecerão um post digno.
Depois, um dia, simplesmente surgiu… Esteve sempre lá. É uma expressão típica de uma das minhas melhores amigas, para além de ser carregada de significado histórico, estar presente numa das músicas mais bonitas de uma das minhas bandas preferidas e representar um bom ensinamento para a vida, em geral.
Muitos de vocês certamente já ouviram que loose lips sink ships* e ainda que este seja um espaço que almeja ser sobre tudo, (quase) sem filtros, acredito muito neste princípio. Além do mais gosto da sonoridade, pronto.
*qualquer coisa como: falar demasiado pode trazer problemas. Esta expressão está, de certo modo, patente na nossa expressão idiomática “em boca fechada não entra mosquito”.
Depois de muita hesitação, muitas dúvidas e incertezas, surge este blog. Sem certeza do que trará de novo, mas com uma enorme vontade de fazer sempre mais e melhor, por mim e para todos os que espero que embarquem comigo nesta viagem.