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Loose Lips

Devaneios sobre tudo e sobre nada.

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14.Mar.18

Esta coisa das social influencers

Há várias coisas que me enervam e acho que vão percebendo isto à medida que for partilhando com vocês os meus devaneios.

Uma das coisas que me enerva, assim profundamente, é esta classe das social influencers. Sigo algumas no Instagram, é verdade. Não é por me enervarem que não posso andar a ver o que partilham. Afinal de contas, uma pessoa só pode criticar aquilo que conhece, certo?

Anyway, estava eu a dizer que esta classe me enerva. E enerva-me porquê, perguntam vocês? Ora então, vamos por pontos. Se até há bem pouco tempo havia bloggers e youtubers que se distinguiam pelo seu trabalho a produzir conteúdos, fossem eles escritos ou visuais, e se distinguiam meia dúzia (!) agora parece que basta ter uma carinha laroca e uma boa máquina fotográfica / telemóvel que já são consideradas, automaticamente, social influencers. E o que é que elas fazem? Nada gente. Rigorosamente nada. Recebem produtinhos em casa ou lá onde é e limitam-se a partilhar uma foto nas redes com as informações que constam no press kit. E acreditem que isto é uma cena.

Nas últimas duas semanas o meu feed do Instagram foi invadido por uma série de produtos, a saber: (1) nova linha de champôs da L'Oréal - o Elvive Dream Long - que, assim logo à partida, assenta numa premissa completamente descabida que é a de não se cortar o cabelo. Ora, ainda que eu tenha o cabelo comprido e adore, sei perfeitamente que cortá-lo é primordial para o manter saudável, por muitos cuidados que se tenha e por isso acho que se deve ter mais cuidado com a forma como se expõem estas coisas; (2) os novos exfoliantes também da L'Oréal de açúcares naturais, mas que, aparentemente, só resultam se puserem uma ligeira camada nas maçãs do rosto, assim estilo índio, sabem? Isto de aplicar uma máscara no rosto todo é coisa do passado gente! Agora só mesmo com uma fitinha da marca a proteger o cabelo, pele maquilhada de forma natural e luminosa, mas ali um segmento verde no meio das maçãs do rosto. É assim que funciona gente, aprendam!; (3) as novas meias curtas da Calzedonia, que nem sei muito bem o que as distingue, a não ser que me lembram as que as senhoras mais velhas usam que vão assim até ao meio das canelas e que depois se nota aquele intervalo com a saia, sabem? Aquela coisa assim para lá de linda e, sobretudo, com muita classe! Mas isto sou eu que não percebo nada do assunto, gente! Ora então, estes produtinhos fartaram-se de aparecer no meu feed e o que é que distingue as legendas das fotos, perguntam vocês? Nadinha. Nem uma mísera vírgula. É pá, esforcem-se um bocadinho! A pessoa que melhor faz isto em Portugal é A Pipoca Mais Doce, acho que aí não há dúvidas. E por muito que se lhe possa apontar, acho que esta geração de influenciadoras tem muito que aprender com ela.

É que é pá, ó gente, não me lixem! Toda a gente tem uma opinião sobre os produtos que usa e não é só porque recebe que são os melhores do mundo. É que depois isto gera incongruências, não é? Ora então um mês os produtos da Clinique é que são o Santo Graal e no mês seguinte já são os da Nivea? É que isto abona muito pouco a vosso favor. É que eu já nem me dou ao trabalho de ter interesse pelos produtos que mostram, sejam eles cremes, maquilhagem ou colares da Cinco Store. Porque afinal de contas é com base nas ofertas. E é por isso que, para mim, cada vez mais as pequenas plataformas têm mais valor, porque são genuínas. E isso é coisa que falta muito nos dias que correm.

Tenho uma amiga minha que trabalha numa agência de publicidade dessas que trabalham com social influencers e ela própria diz que as pessoas perderam a vergonha. Isto porque sempre que saem novidades de sapatilhas, sempre que há um evento em que precisem de um outfit ou sempre que sai uma nova linha de algum produto chimpas, caem dezenas de e-mails a pedir. Gente! Há limites, não?

Sinceramente eu achava que este era um bom meio de publicidade para as marcas porque conseguem, com baixo custo, chegar a milhares de utilizadores e despertar a curiosidade sobre os produtos e a vontade em experimentar. Mas tenho assistido a uma total descrença nestas opiniões. E em calhando é preciso mudar a abordagem, não?

Ah e nem me façam falar do flagelo que é as social influencers que acham que também podem ser blogers sem saberem distinguir quando usar "há" e "à" ou ainda que não existe a palavra "secalhar". Estamos numa época em que todos acham que podem ser o que quiserem. E ainda bem gente, a sério. Agora é preciso reconhecer a falta de aptidão. É preciso reconhecer que um blog deve ser mais do que um álbum de fotografias de Instagram, que para isso há o Tumblr ou o Pinterest. É preciso distinguir as coisas gente!

E tenho para mim que anda por aí muita gente enganadinha que por ter uma carinha laroca, uma boa máquina e por comprar seguidores (sim, isto também é uma cena) podem viver disso, como o fazem algumas blogers / youtubers que já cá andam há muitos anos e que, de facto, produzem conteúdos. Façam-no porque gostam, façam-no com o coração, não o façam para ganhar dinheiro.

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